A escolha da estrutura de fixação é uma das decisões de engenharia mais críticas em um projeto fotovoltaico. Enquanto os painéis e inversores recebem a maior parte da atenção, é a estrutura que garante a sustentação física e a integridade do sistema por mais de 25 anos, resistindo a ventos, chuvas e ao próprio tempo. No mercado brasileiro, dois materiais dominam essa aplicação: o alumínio e o aço galvanizado a fogo.
Ambos são excelentes quando bem aplicados, mas possuem características distintas que os tornam mais ou menos adequados para cada tipo de projeto. Este guia técnico oferece uma análise comparativa para ajudar você a fazer a escolha certa, baseada em critérios de custo, durabilidade e aplicação.
O Aço Pós-Galvanizado a Fogo: A Força da Durabilidade
O aço é uma liga de ferro e carbono conhecida por sua altíssima resistência mecânica. Para ser utilizado em ambientes externos, ele passa por um processo de pós-galvanização a fogo, no qual a estrutura de aço, já fabricada (cortada, furada e soldada), é completamente imersa em um banho de zinco fundido.
Vantagens:
Resistência Mecânica Superior: O aço possui um módulo de elasticidade muito superior ao do alumínio, o que lhe permite vencer vãos maiores com perfis mais delgados, tornando-o ideal para grandes projetos, como usinas de solo e estacionamentos solares.
Proteção Contra Corrosão Robusta: A galvanização a fogo cria uma camada de zinco espessa que protege o aço de duas formas: por barreira, isolando o aço do ambiente, e de forma sacrificial, onde o próprio zinco se corrói no lugar do aço, caso a barreira seja danificada. É a proteção mais eficaz para ambientes agressivos (industriais e litorâneos).
Custo por Quilo Competitivo: Geralmente, o custo do aço como matéria-prima é inferior ao do alumínio, o que pode tornar projetos de grande escala mais viáveis economicamente.
Desvantagens:
Peso Elevado: O aço é cerca de três vezes mais denso que o alumínio. Isso implica em maior custo com frete, maior dificuldade de manuseio em campo e uma carga permanente maior sobre o telhado, exigindo uma análise estrutural mais rigorosa da edificação.
Menos Flexibilidade na Instalação: Ajustes e cortes em campo são problemáticos, pois danificam a camada de galvanização, exigindo um tratamento de "galvanização a frio" (pintura rica em zinco) no local, que é menos durável.
O Alumínio: A Leveza da Eficiência
O alumínio é um metal leve e que possui uma característica notável: ele cria naturalmente uma fina camada de óxido em sua superfície (passivação), que o protege contra a corrosão na maioria dos ambientes. As estruturas para fins fotovoltaicos geralmente são feitas de ligas de alumínio (como a 6060-T5) para otimizar a resistência.
Vantagens:
Leveza e Facilidade de Instalação: Sendo muito mais leve, o alumínio é mais fácil e rápido de ser transportado, manuseado e instalado no telhado, o que pode reduzir o custo e o tempo de mão de obra. Sua leveza também impõe uma carga menor sobre a estrutura da cobertura.
Boa Resistência à Corrosão: Em ambientes urbanos e rurais, a resistência natural do alumínio à corrosão é mais do que suficiente para garantir a vida útil do sistema.
Facilidade de Ajuste: Pode ser facilmente cortado e furado em campo sem comprometer significativamente sua resistência à corrosão, oferecendo maior flexibilidade durante a montagem.
Desvantagens:
Menor Resistência Mecânica: Por ser menos rígido que o aço, exige perfis mais robustos (e mais material) para vencer os mesmos vãos, o que pode aumentar o custo em projetos que exigem longas travessas.
Custo Inicial: O preço por quilo do alumínio é geralmente mais alto que o do aço galvanizado.
Risco de Corrosão Galvânica: O alumínio pode sofrer corrosão acelerada se estiver em contato direto com outros metais (como parafusos de aço inox ou o próprio aço da telha) em um ambiente úmido. O uso de elementos de isolamento (como borrachas de EPDM) e parafusos adequados é mandatório.
Tabela Comparativa: Aço Galvanizado a Fogo vs. Alumínio
Link planilha:
Qual a Melhor Aplicação para Cada Material?
Use ALUMÍNIO em:
Telhados Residenciais e Comerciais: É a escolha padrão e mais recomendada. Sua leveza simplifica a logística, agiliza a instalação e minimiza o peso sobre a estrutura existente.
Projetos com Logística Complexa: Onde o acesso ao telhado é difícil, o menor peso do alumínio é uma vantagem decisiva.
Use AÇO PÓS-GALVANIZADO A FOGO em:
Grandes Usinas de Solo: Onde a capacidade de vencer grandes vãos com menos pilares e o custo competitivo da matéria-prima otimizam o projeto.
Estacionamentos Solares (Carports): Onde a alta resistência mecânica é necessária para criar as estruturas autoportantes.
Ambientes Agressivos: Em áreas litorâneas (alta maresia) ou zonas industriais (chuva ácida, poluição), a proteção superior da galvanização a fogo é indispensável para garantir a vida útil de 25 anos.
Conclusão: A Escolha é da Engenharia
Não existe um "vencedor" absoluto na disputa entre aço galvanizado a fogo e alumínio. A escolha correta não se baseia em preferência, mas em uma decisão de engenharia que leva em conta a análise estrutural do telhado, as condições ambientais do local, o tamanho do projeto, o orçamento e a logística de instalação.
Para o integrador, conhecer as vantagens e desvantagens de cada material é fundamental para especificar a solução mais segura, durável e com o melhor custo-benefício, garantindo não apenas a geração de energia, mas a integridade de todo o investimento do cliente a longo prazo.