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Geração em Dias Nublados: Qual Tecnologia (HJT, TOPCon, PERC) se Comporta Melhor em Condições de Baixa Irradiação?

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Publicado em 19 de setembro de 2025 Categoria: Estudos Técnicos
Geração Irradiação

Uma das maiores preocupações de quem investe em energia solar é: "Meu sistema vai gerar energia em dias nublados ou chuvosos?". A resposta rápida é "sim", mas a quantidade de energia gerada nesses momentos pode variar significativamente dependendo da tecnologia das células fotovoltaicas.

Embora todos os painéis produzam menos energia sob baixa irradiação, alguns são inerentemente mais eficientes em converter a pouca luz disponível em eletricidade. Com a consolidação das tecnologias HJT e TOPCon como sucessoras do PERC, entender qual delas se destaca em condições de luz difusa é crucial para maximizar a geração anual de energia (kWh) de um projeto.

1. O Desafio da Baixa Irradiação

Primeiro, é importante definir o que é "baixa irradiação". Não se trata apenas de dias cinzentos e chuvosos. As condições de baixa irradiação também ocorrem todos os dias, nas primeiras horas da manhã e no final da tarde. Para um sistema fotovoltaico, maximizar a produção nesses períodos estende suas "horas de trabalho" e aumenta a geração total.

O desafio físico é simples: menos luz solar (menos fótons) significa que menos elétrons são liberados no silício, resultando em menor corrente e, consequentemente, menor potência. A questão chave é: quão eficientemente uma célula consegue capturar e converter os poucos elétrons gerados, minimizando as perdas internas? A resposta para isso está em um conceito chamado passivação.

2. A Causa da Diferença: Passivação e a Luta Contra a Recombinação

Imagine os elétrons gerados pela luz como bolas de gude rolando por uma superfície. Se essa superfície (a do silício) for áspera e cheia de "buracos" (defeitos ou impurezas), muitas bolinhas se perderão antes de chegar ao destino. Em um dia ensolarado, você joga milhares de bolas, e mesmo que algumas se percam, muitas outras chegam lá. Em um dia nublado, você joga poucas bolas. Se a superfície for ruim, a chance de a maioria delas se perder nos buracos é muito grande.

No mundo da célula solar, essa perda de elétrons é chamada de recombinação. A passivação é o tratamento que "alisa" a superfície do silício, "tapando" esses defeitos e permitindo que mais elétrons cheguem aos contatos metálicos para gerar eletricidade. Em condições de baixa luz, onde poucos elétrons são gerados, uma passivação superior faz uma diferença enorme.

3. A Performance de Cada Tecnologia

É aqui que as diferenças entre as arquiteturas de célula se tornam evidentes.

  • PERC (p-Type): A tecnologia PERC foi um grande avanço porque introduziu uma camada de passivação na parte traseira da célula, o que melhorou muito seu desempenho em comparação com as tecnologias anteriores. Sua performance em baixa luz é considerada boa, mas é limitada pela qualidade da passivação e pelas características do silício tipo-p.

  • TOPCon (n-Type): Representa um salto significativo. A estrutura "Tunnel Oxide Passivated Contact" cria uma camada de passivação extremamente eficaz na parte traseira, reduzindo drasticamente as perdas por recombinação. Além disso, por ser baseada em silício n-Type de maior pureza, sua performance em baixa irradiação é consistentemente superior à do PERC.

  • HJT (n-Type): É amplamente reconhecida pela indústria como a campeã em performance sob baixa luz. Sua arquitetura única, que utiliza finas camadas de silício amorfo para passivar ambas as superfícies (frontal e traseira) do wafer de silício n-Type, resulta em um nível de passivação de altíssima qualidade e uniformidade. Isso minimiza ao extremo as perdas por recombinação, tornando a célula HJT excepcionalmente eficiente em transformar a luz difusa em energia elétrica.

Hierarquia de Performance em Baixa Irradiação: 1º Lugar: HJT (Excelente) 2º Lugar: TOPCon (Muito Bom) 3º Lugar: PERC (Bom)

4. O que Isso Significa na Prática para o Seu Projeto?

A superioridade técnica da HJT e da TOPCon em baixa luz se traduz em benefícios financeiros e energéticos tangíveis:

  1. Mais Energia no Início e Fim do Dia: Um sistema com painéis HJT ou TOPCon "acorda" mais cedo e "dorme" mais tarde, estendendo a janela de geração diária.

  2. Melhor Desempenho no Inverno e em Regiões Chuvosas: Para locais que enfrentam muitos dias nublados ou invernos com menos sol (como o Sul do Brasil), a diferença na geração anual de energia pode ser substancial. O ganho acumulado nesses períodos de baixa irradiação faz uma grande diferença no balanço final.

  3. Maior Geração Específica (kWh/kWp): Ao final de um ano, um sistema HJT ou TOPCon entregará mais quilowatts-hora de energia por cada quilowatt-pico instalado. Isso melhora o Retorno sobre o Investimento (ROI) e o Custo Nivelado da Energia (LCOE) do projeto.

Conclusão: Olhando Além da Potência de Pico

Ao escolher um módulo fotovoltaico, é tentador focar apenas na sua potência de pico (Wp). No entanto, a verdadeira medida de um painel superior está em seu desempenho no mundo real, com suas variações de temperatura e luminosidade.

As tecnologias n-Type, e em especial a HJT, provam seu valor em dias nublados e nas bordas do dia. Ao optar por uma tecnologia com performance superior em baixa irradiação, o integrador está entregando ao cliente não apenas um equipamento mais avançado, mas uma usina solar que trabalhará mais e melhor, maximizando a geração de energia limpa e a economia financeira em todas as condições climáticas.

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