Etapa 1: O Diagnóstico Remoto (Antes da Visita Técnica)
Antes de deslocar uma equipe, a maior parte das pistas pode ser encontrada remotamente. Esta etapa economiza tempo e direciona a investigação.
1.1. Análise da Plataforma de Monitoramento:
Histórico de Geração: Verifique o histórico de geração diário, mensal e anual. A queda de desempenho foi súbita (indicando uma falha) ou gradual (indicando sujeira ou degradação)?
Gráficos Diários: Analise a curva de geração de um dia ensolarado. Ela deve ser uma "parábola" suave. Curvas achatadas, com quedas bruscas no meio do dia ou "serrilhadas" indicam problemas (sombreamento, sobretensão na rede, etc.).
Alertas e Falhas: Verifique o log de eventos do inversor. Ele reportou algum código de erro? (Ex: baixa isolação, sobretensão AC, falha de string).
1.2. Comparação com Dados de Irradiação:
Use ferramentas como o PVGIS ou plataformas pagas para comparar a geração real do sistema com a irradiação solar esperada para a região no período. Isso ajuda a diferenciar um problema real de um mês com menos sol que o normal.
1.3. Entrevista com o Cliente:
Pergunte: "Algo mudou na propriedade recentemente?". Busque por informações sobre novas construções, crescimento de árvores, instalação de antenas ou novos equipamentos de alto consumo que possam ter alterado o perfil de uso.
Etapa 2: A Visita Técnica – Inspeção Visual Sistemática
Com os dados da análise remota em mãos, a visita técnica se torna muito mais objetiva.
2.1. Checagem de Sombreamento (O Culpado nº 1):
Inspecione visualmente o arranjo fotovoltaico em diferentes horários (manhã, meio-dia, tarde). Verifique a projeção de sombras de árvores, prédios vizinhos, antenas, chaminés e até mesmo de ninhos de pássaros. Lembre-se que um pequeno sombreamento em uma única célula pode impactar a produção de todo o módulo ou string.
2.2. Inspeção dos Módulos e Estrutura:
Sujeira (Soiling): Verifique o nível de acúmulo de poeira, fuligem, folhas ou dejetos de pássaros. Essa é uma das causas mais comuns e simples de resolver.
Danos Físicos: Procure por trincas no vidro, delaminação, manchas escuras (indicativo de hot spots), corrosão nos frames ou danos na caixa de junção.
Conexões e Cabeamento: Verifique se os conectores MC4 estão firmemente encaixados e se os cabos estão bem presos à estrutura, sem estarem esmagados ou em contato direto com o telhado.
Etapa 3: O Diagnóstico Elétrico (O Coração do Troubleshooting)
Esta etapa exige um profissional qualificado e os equipamentos corretos (multímetro True RMS, alicate amperímetro DC/AC e, se possível, um megômetro).
3.1. Medição da Tensão de Circuito Aberto (Voc) por String:
Procedimento: Com segurança, desligue a seção DC do sistema e desconecte as strings do inversor. Meça a tensão de cada string com o multímetro.
Diagnóstico: Compare o valor medido com o valor esperado (Voc do módulo x Nº de módulos na string). Uma tensão muito abaixo do esperado indica um problema sério: um módulo defeituoso, uma conexão ruim ou um bypass diode ativado.
3.2. Medição da Corrente de Curto-Circuito (Isc) por String:
Procedimento: Com um alicate amperímetro DC, meça a corrente de cada string em condições de alta irradiação.
Diagnóstico: Strings com corrente muito diferente entre si podem indicar sombreamento parcial, níveis de sujeira distintos ou módulos com degradação acentuada.
3.3. Verificação da Polaridade e Isolamento:
Confirme se a polaridade (+ e -) de todas as conexões está correta. Uma polaridade invertida pode zerar a produção de uma string.
Se possuir um megômetro, realize um teste de resistência de isolamento para verificar se há fuga de corrente para a terra, uma causa comum de falhas de segurança e desligamento do inversor.
3.4. Análise do Inversor:
Verifique o status das luzes (LEDs), que podem indicar o estado operacional ou códigos de erro.
Acesse o menu do inversor para verificar o histórico de falhas e os parâmetros da rede AC (tensão e frequência), que podem estar fora dos limites.
Confirme se o firmware do inversor está atualizado para a versão mais recente.
Etapa 4: Solução e Relatório Final
Plano de Ação: Com base nos problemas encontrados, defina a solução:
Sujeira: Agendar uma limpeza profissional.
Sombreamento: Apresentar a situação ao cliente e, se possível, propor a poda de árvores ou o remanejamento dos módulos.
Problema Elétrico: Substituir o módulo defeituoso, refazer uma conexão mal feita ou trocar um disjuntor danificado.
Documente Tudo: Fotografe os problemas encontrados e registre todas as medições. Compare esses dados com o projeto inicial.
Comunique-se com o Cliente: Elabore um relatório técnico simples para o cliente, explicando o diagnóstico, a solução implementada e as recomendações para evitar futuros problemas.
Lembrete Importante: A manutenção preventiva, realizada anualmente, é a forma mais eficaz de evitar que o baixo desempenho se torne um problema. Ela permite identificar e corrigir pequenas falhas antes que elas impactem a geração de energia e a satisfação do seu cliente. Todo este procedimento deve ser realizado por um profissional qualificado para garantir a segurança e a correta solução do problema.
