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REN 1.098/2024: O Fim da Análise de Inversão de Fluxo para Pequenos Projetos? Entenda o que Muda.

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Publicado em 26 de novembro de 2025 Categoria: Estudos Técnicos
REN Inversão de Fluxo

Por quase uma década, a tecnologia PERC (Passivated Emitter and Rear Cell) reinou absoluta no mercado fotovoltaico. Ela foi a grande responsável pela democratização da energia solar, permitindo um salto de eficiência que tornou os painéis mais potentes e financeiramente viáveis para milhões de pessoas. No entanto, como em toda evolução tecnológica, um reinado chega ao fim.

Hoje, o mercado vive uma transição inevitável. Enquanto o PERC se aproxima de seus limites teóricos de eficiência, duas novas tecnologias avançadas, baseadas em silício tipo-n, surgem como as herdeiras do trono: HJT (Heterojunction Technology) e TOPCon (Tunnel Oxide Passivated Contact).

Para os profissionais do setor, entender as diferenças e os benefícios de HJT e TOPCon não é mais uma questão de curiosidade, mas uma necessidade para projetar sistemas de alta performance e se manter na vanguarda do mercado.

O Legado do PERC: O Gigante que Popularizou o Sol

Antes de olharmos para o futuro, é justo honrar o passado. A tecnologia PERC foi uma inovação genial que adicionou uma camada dielétrica de passivação na parte traseira da célula de silício tipo-p. Essa camada funcionava como um espelho, reduzindo a perda de elétrons e refletindo a luz de volta para a célula, dando-lhe uma "segunda chance" de gerar energia. O resultado foi um aumento de eficiência que mudou a indústria.

Os Desafiantes ao Trono: Apresentando TOPCon e HJT

Ambas as tecnologias partem de uma base mais avançada, o silício tipo-n, que é mais puro e resistente à degradação. Mas a forma como atingem a alta eficiência é muito diferente.

1. TOPCon (Tunnel Oxide Passivated Contact) - A Rota Evolutiva

Pense no TOPCon como um "PERC 2.0". Ele é uma evolução natural da tecnologia anterior, o que representa sua maior vantagem estratégica.

  • Como Funciona: O TOPCon aprimora a passivação da célula tipo-n adicionando uma camada ultrafina de óxido de túnel e uma camada de polissilício dopado. Essa combinação cria uma "barreira" quase perfeita que minimiza drasticamente a recombinação (perda) de elétrons nos contatos metálicos da célula, um dos grandes "ladrões" de eficiência.

  • Vantagem de Mercado: Sua arquitetura permite que as gigantescas fábricas de PERC sejam adaptadas para produzir TOPCon com um investimento relativamente baixo. Isso está resultando em uma rápida expansão e em custos cada vez mais competitivos.

2. HJT (Heterojunction Technology) - A Rota Revolucionária

Se o TOPCon é uma evolução, o HJT é uma revolução no design da célula.

  • Como Funciona: A tecnologia HJT cria um "sanduíche" de materiais. Ela utiliza um núcleo de silício cristalino tipo-n de alta qualidade e o reveste, em ambos os lados, com finíssimas camadas de silício amorfo. A junção entre esses dois tipos diferentes de silício (a "heterojunção") resulta em um nível de passivação de superfície espetacular, praticamente eliminando os defeitos onde os elétrons poderiam se perder.

  • Vantagem Tecnológica: Sua estrutura simétrica e o processo de fabricação a baixas temperaturas resultam em células de altíssima qualidade com características de desempenho superiores, como veremos a seguir.

Por que HJT e TOPCon São Superiores ao PERC?

A superioridade dessas novas tecnologias não é apenas teórica. Ela se traduz em mais energia gerada (kWh) para o seu cliente ao longo da vida útil do sistema.

  1. Eficiência Mais Alta: Tanto HJT quanto TOPCon já ultrapassaram o PERC em eficiência, tanto em laboratório quanto na produção em massa. Isso significa mais potência (Wp) em um mesmo painel, otimizando o uso de áreas limitadas de telhado.

  2. Melhor Desempenho em Altas Temperaturas: Este é um ponto crucial para o Brasil. Módulos HJT e TOPCon possuem um coeficiente de temperatura inferior ao do PERC. Na prática, isso significa que eles perdem menos potência em dias quentes, continuando a gerar mais energia quando o sol está mais forte e o telhado mais quente. A tecnologia HJT, em particular, é a campeã nesta categoria.

  3. Maior Bifacialidade: Por utilizarem silício tipo-n e terem estruturas otimizadas, ambos oferecem um fator de bifacialidade superior. Eles são mais eficientes em captar a luz refletida na parte traseira do módulo, o que aumenta significativamente a geração em usinas de solo e coberturas com superfícies claras.

  4. Menor Degradação ao Longo do Tempo: Módulos PERC sofrem com a Degradação Induzida pela Luz (LID). Já os módulos HJT e TOPCon, por sua natureza, têm degradação LID praticamente nula. Isso se reflete nas garantias de performance: enquanto um bom painel PERC garante cerca de 85% de sua potência original após 25 anos, os painéis HJT e TOPCon já oferecem garantias de 88%, 90% ou mais após 30 anos.

Conclusão: O Fim da Era PERC é Iminente

Ainda veremos painéis PERC no mercado por algum tempo, graças à sua enorme capacidade produtiva instalada. Contudo, a transição tecnológica é um caminho sem volta. HJT e TOPCon não são apenas promessas; são o presente e o futuro da geração de energia solar, entregando mais eficiência, mais durabilidade e, consequentemente, um melhor retorno sobre o investimento.

Para os profissionais do setor, o recado é claro: é hora de estudar, entender e saber argumentar as vantagens dessas novas tecnologias. Especificar um sistema com HJT ou TOPCon é oferecer ao cliente o que há de mais avançado, consolidando sua reputação como um integrador que trabalha na vanguarda de um mercado em constante e fascinante evolução.

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